Há pouco mais de 3 meses para o fim do mandato de Michel Temer (MDB) na presidência, Banco Central anuncia redução na previsão de crescimento da economia nacional de 1,9% para 1,4% em 2018
Contrariando as previsões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que acreditavam, no início deste ano que o crescimento econômico brasileiro seria, respectivamente, de 3,1% e 3,9%, o Banco Central (BC) anunciou nesta quinta-feira, 27, a redução para apenas 1,4% a previsão de crescimento da economia em 2018.
Em julho deste ano, o próprio FMI já havia reduzido sua previsão para 1,8%, enquanto o governo federal previa um crescimento em 2,5% este ano, o que não acontecerá de acordo com Relatório de Inflação divulgado nesta quinta, em Brasília.
“A revisão reflete a incorporação dos resultados do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre e o arrefecimento na atividade econômica após a paralisação no setor de transporte de cargas, ocorrida em maio, como sugerido por indicadores”, diz o BC, no relatório, de acordo com a Agência Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), do governo federal.
A queda se verificou também na projeção do crescimento anual da agropecuária, que passou de 1,9% para 1,5%; da indústria, que caiu de 1,6% para 1,3%, apesar do setor de serviços ainda poder apresentar crescimento de 1,3% em 2018, mesma projeção apresentada em junho pelo BC.
Apesar da estimativa para a variação anual do consumo das famílias também ter sofrido recuo, caindo de 2,1% para 1,8%, o relatório fala a queda está “em linha com a evolução mais gradual do mercado de trabalho”, embora o país conte com mais de 13 milhões de desempregados, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao mês de agosto.
Outro dado que apresentou alta no relatório do BC foi a estimativa para a formação bruta de capital fixo (FBCF – investimentos), que passou de 4% para 5,5%, o que seria um reflexo da importação de equipamentos destinados à indústria de petróleo e gás natural, setor que vem encontrando um caminho de retomada depois da crise internacional do petróleo, em 2014.
No relatório, o BC avaliou ainda que, além do impacto direto sobre a atividade, a paralisação dos caminhoneiros no fim de maio afetou a confiança em relação à recuperação econômica, “com possíveis impactos sobre as decisões de produção, consumo e investimento”.
Projeção para 2019 – Neste relatório, o BC também divulgou a projeção para o crescimento do PIB em 2019, que ficou em 2,4%, mas defendendo as polêmicas reformas aprovadas pelo governo Temer (MDB), que congelaram gastos públicos em saúde, educação e segurança pelos próximos 20 anos.
“É fundamental destacar que essa projeção é condicionada a um cenário de continuidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e ajustes necessários na economia brasileira. Também incorpora expectativa de iniciativas que visam a aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”, diz o BC.
Ainda conforme a Agência Brasil, em 2019, os setores agropecuário, industrial e de serviços devem avançar 2%, 2,9% e 2%, respectivamente, e as taxas de crescimento esperadas para o consumo das famílias e para a FBCF – investimentos são de 2,4% e 4,6%, nessa ordem.
Otimista, o BC acredita também que a estimativa para a expansão do consumo do governo subirá para 0,5%, “em cenário de restrição fiscal”, e que as exportações e importações de bens e serviços devem crescer 6% e 5,9%, respectivamente.