Defensores da proposta defendem que o fim do cargo de vice traria economia ao cofres públicos
Da Redação
Que brasileiro não gosta de vice, todo mundo sabe. Está na cultura popular, principalmente no esporte, a ideia de que depois do primeiro colocado, o restante acaba passando despercebido.
E assim como a maioria dos brasileiros não lembram os vice-campeões brasileiros dos últimos 3 anos – Santos, em 2016; Atlético Mineiro, em 2015; e São Paulo, em 2014 –, a maioria não lembra dos 3 últimos vice-presidentes da república antes de Michel Temer (PMDB) – José Alencar, PL, em 2002 e 2006; e Marco Maciel, PFL, em 1998).
Nem muito menos dos vice-governadores e vice-prefeitos, que só são lembrados, assim como vice-presidente, em caso de falecimento do chefe do Executivo, quando concorrem às eleições de sucessão, quando o titular já cumpriu 2 mandatos; ou nas raras vezes em que articulam golpes para tomar o poder, como foi o caso do atual presidente da república, que assumiu após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em maio de 2016.
Coincidentemente, a proposta que pretende acabar com o cargo de vice em toda política nacional veio justamente do Partido dos Trabalhadores, através do relator da comissão especial que discute a reforma política no Congresso Nacional, deputado Vicente Cândido (PT-SP).
A ideia, que estampou as páginas de diversos jornais brasileiros de grande circulação há pouco mais de um mês, foi levada por Cândido, que também garante não ser o autor da proposta, durante uma reunião da comissão especial, em fevereiro, e segue sendo debatida na Câmara Federal.
A proposta é acabar de uma vez por todas com o cargo de vice em todas as esferas da política nacional, exterminando assim os cargos de vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito.
Em entrevista ao Jornal O Globo, o deputado afirmou que a ideia não surgiu do PT, mas de um “conjunto de conversas” que teve com parlamentares, que teriam chegado à conclusão de que o vice é um emprego desnecessário no momento em que o país busca simplificar e baratear suas estruturas políticas.
“É um luxo brasileiro manter toda uma estrutura de cargos e salários, carros e custeios para um cargo que é aexpectativa do cargo”, argumentou Cândido na ocasião.
Em sua proposta, a sucessão presidencial seguiria como é hoje, excluindo a figura do vice, e o deputado do PT de São Paulo nega que a proposta tenha vindo do partido, lembrando que as conspirações de vice aparecem a todo momento na história política do Brasil e do mundo.
Ao jornal, Cândido questionou ainda sobre a razoabilidade de se ter 30 mil pessoas em torno de vices pelo Brasil inteiro, apenas para o que ele chama de “uma expectativa de cargo”. O deputado também defendeu a aprovação do financiamento público de campanhas e disse que, sem isso, o país continuará a viver “crises”, como a Lava-Jato, alegando que o custo da democracia é alto e precisa sair de algum lugar, apontando que “ou sai de esquemas espúrios, ou da luz do dia, do financiamento público”.
A proposta se aprovada já poderia vigorar a partir do próximo ano e teria efeitos imediatos, cabendo ao presidente da câmara na vacância do cargo ocupar por 90 dias a posição com convocação de nova eleição.