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Ex-governadores trocam acusações de envolvimento e participação em esquemas de corrupção no Governo do Rio

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Em depoimento na Justiça Federal do Rio de Janeiro, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (MDB) acusou seus antecessores no cargo, o casal Anthony (sem partido) e Rosinha Garotinho (PROS) de começarem um esquema de corrupção de arrecadação de propinas de empresários que cobraria até 20% de empresas com contratos do governo estadual.

Sérgio Cabral Filho foi interrogado nesta segunda-feira, 3, pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no âmbito da Operação Boca de Lobo, um dos diversos desdobramentos da Operação Lava Jato.

No depoimento, Cabral, que está preso desde novembro de 2016, relatou que o também ex-governador do Rio, Pezão (MDB), então seu vice e secretário de Obras, teria ajudado a estruturar o esquema, que teria passado para o valor de 5% durante sua administração.

“Antes, eram 15% a 20% pagos aos governos anteriores da Rosinha e [Anthony] Garotinho. Eu estabeleci junto com Pezão o percentual de 5%: 3% para o meu núcleo, 1% para o núcleo dele, que era a Secretaria de Obras, e 1% para o TCE (Tribunal de Contas do Estado), para aprovação das licitações”, delatou o ex-governador.

Cabral teria dito ainda que Pezão foi um dos responsáveis por estruturar o esquema de corrupção supostamente criado pelos ex-governadores, tendo sido o inventor da chamada “taxa de oxigênio”, porém, Cabral afirmou que esta propina estava englobada nos 5% cobrados dos valores.

“O vice-governador Pezão participou da estruturação dos benefícios indevidos desde o primeiro instante do nosso governo. Desde mesmo da campanha eleitoral e durante os 8 anos em que fui governador e posteriormente tenho algumas informações a respeito [da continuidade do esquema]”, revelou o ex-governador do Rio.

Sérgio Cabral Filho assumiu também ter recebido uma mesada de 500 mil reais da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), e ao renunciar ao cargo, em abril de 2014, afirmou que Pezão, candidato a ser seu sucessor, que viria a ganhar a eleição em outubro do mesmo ano, deveria receber a mesada em seu lugar.

Ainda de acordo com Cabral, Pezão teria recebido 30 milhões de reais só da Fetranspor para a campanha à sucessão, nas eleições para o Governo do Rio em 2014, quando Pezão venceu Marcelo Crivella (PRB), atual prefeito do Rio.

“Foram 30 milhões de reais [da Fetranspor] para o governador Pezão para sua estrutura [de campanha] e 8 milhões de reais para meus deputados [estaduais] a quem eu tinha interesse de ajudar. Quando chegou em 2015, Pezão me procurou para me ajudar financeiramente, ele se ofereceu. (...) A campanha dele chegou a 400 milhões de reais, então teve sobra de caixa e ele me ofereceu. Essa situação [do repasse de Pezão a Cabral, de 500 mil reais] ficou 4, 5 meses em 2015”, denunciou Cabral.

Em postagem em sua página no Facebook, Anthony Garotinho negou as acusações de Cabral, e reafirmou que as acusações do ex-governador são fruto de suposta perseguição política contra ele e sua família.

“Hoje em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, Sérgio Cabral confessou alguns de seus crimes e a participação de seu vice, Pezão, em alguns deles. Seu ressentimento em relação a mim e a Rosinha ficou evidente ao afirmar que ‘diminuiu a taxa de corrupção antes praticada’. Se tem alguma prova contra mim, deve entregá-la ao Ministério Público, como fiz em relação a ele seus comparsas. Não respondo a nenhum processo na Lava Jato, apenas ações movidas pela Justiça de Campos, por perseguições
de grupos locais”, escreveu Anthony Garotinho.

Em seu depoimento ao juiz Marcelo Bretas, logo após a delação de Cabral, Pezão, que está preso desde novembro de 2018, negou veementemente as acusações de seu antigo parceiro político, de quem foi vice-governador e sucessor no Palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio.

“É a primeira vez que eu estou falando. Eu fui julgado, condenado, preso e nunca tive a chance de falar. Só tem 4 pessoas que falam contra mim, um grupo que viveu a vida inteira junto. Estão correndo atrás de benefícios em cima de mim, 4 pessoas que já estão condenadas. Os maiores construtores do país estiveram aqui e ninguém falou de mim. Claro que eu sou inocente, eu tenho 36 anos de vida pública, e a única coisa que eu vou ter é a minha aposentadoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). É o dinheiro com o que eu vou viver”, disse Pezão a repórteres na saída da 7ª Vara Federal Criminal, no Rio de Janeiro, após seu depoimento.


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