Diretor da JBS, maior frigorífico do país, disse que só tratou de propina com Cabral
Tunan Teixeira
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sofreu novas acusações de corrupção nesta segunda-feira, 22, fruto das delações dos donos e diretores da JBS, maior frigorífico do país, envolvido em novo escândalo de corrupção.
Segundo as delações da empresa, Cabral teria sido fundamental para o grupo JBS ganhar, sem gastar um centavo, uma fábrica abandonada pela BRF, em junho de 2014, com direito a incentivos fiscais de 1,5 milhão de reais, depois de negociações que teriam começado dois anos antes, em 2012.
“Só tratei de propina com o Sérgio Cabral”, contou o diretor Ricardo Saud, diretor da JBS, em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que teria acrescentado que “nem nós acreditávamos que conseguiríamos”.
Em troca da “ajuda”, o ex-governador do Rio queria o pagamento de 30 a 40 milhões de reais, valores de propinas que foram considerados altos na época pelo delator, que revelou ter aceitado pagar algo em torno de 27,5 milhões de reais.
“Uma parte seria para eleição de Pezão (PMDB) e outra para eleger deputados que Cabral queria”, afirmou Saud, negando que Pezão tenha participado do esquema, contou ainda que, desse dinheiro, 20 milhões de reais foram dissimulados em doações oficiais, além de mais 900 mil reais destinados para o PDT.
Ainda conforme a denúncia, outros 7,5 milhões de reais foram pagos em dinheiro vivo, como está na planilha que consta na investigação, que dá ainda que o ex-secretário estadual de Obras, Hudson Braga, que também foi coordenador de campanha de Pezão, e teria recebido 5 milhões de reais.
Hudson e Cabral estão presos desde novembro, acusados de montar esquema de pagamento de propina relacionado às obras do Complexo Petroquímico do Estado do Rio (Comperj), que desviou 224 milhões de reais dos cofres públicos.
O envolvimento da JBS com a campanha do atual governador do Rio consta na denúncia que levou a cassação de Pezão e de seu vice, Francisco Dornelles (PP), que aguardam decisão final de recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na documentação que foi entregue aos procuradores por Saud e Joesley Batista, dono da JBS, constam ainda inúmeras doações para 28 dos 35 partidos políticos registrados junto à Justiça Eleitoral.