Depois da apresentação de índios de Pernambuco, vereador George Jardim acusou colegas de terem recebido oferta de cargos da prefeitura
Foto: Igor Faria
Tunan Teixeira
A sessão ordinária da Câmara Municipal de Macaé, nesta quarta-feira, 12, começou de maneira inusitada, com uma apresentação de dança e música, realizada por membros de uma tribo Fulni-ô, de Pernambuco, que vieram à cidade divulgar a cultura indígena.
“Agradeço ao Dr. Marcio (Bittencourt, PMDB) por quebrar nosso protocolo e a rigizez do nosso regimento, para que pudéssemos ter essa apresentação aqui hoje. Foi algo que eu nunca tinha visto. Em nome de todos os deuses indígenas, dou por aberta a sessão de hoje na Câmara”, disse o Presidente da Casa, Dr. Eduardo Cardoso (PPS), após a apresentação dos índios no plenário da Câmara.
Segundo a assessoria do Legislativo, os índios, que estão de passagem pela cidade, teriam vindo solicitar aos parlamentares apoio para que pudessem apresentar a cultura indígena nas praças e escolas do município, além de comercializar peças de artesanato, costume tão tradicional na cultura indígena brasileira.
Mas o momento de descontração terminou tão logo começou a sessão, depois que o vereador George Jardim (PMDB) acusou um grupo de parlamentares de terem se reunido com um secretário do governo, dizendo que eles teriam recebido uma oferta de cargos na prefeitura.
“A reunião aconteceu, mas não houve nenhuma partilha de cargos. Quem nomeia os cargos do governo é o prefeito. Eu fui convidado para um almoço fui lá conversar. Isso aconteceu. Agora, partilha de cargos, não houve”, se defendeu Dr. Marcio Bittencourt.
As acusações de George mexeram com os brios não apenas dele, mas também dos vereadores, Neto Macaé (PTC), Alan Mansur (PRB) e Marvel (REDE), que rechaçaram as alegações do vereador da serra.
“Não tenho cargo na prefeitura. Não tenho parente na prefeitura. Assim como acredito que nenhum vereador presente ao almoço tenha também. E eu sou independente. Se precisar votar contra o governo, eu voto. Se tiver que votar a favor, voto também. O que houve foi um almoço. Não teve nenhum assunto relacionado a divisão de cargo no governo”, disparou Neto.
Diante da recusa dos vereadores e de pedidos de provas pelas acusações, George recuou, reafirmando que houve um almoço, mas substituindo as acusações por parabéns os novos vereadores que, segundo ele, tiveram méritos na aproximação com o governo.
“Dr. Marcio me mandou mensagem, me convidando para um almoço, e eu fui ao almoço, como iria se qualquer vereador aqui me convidasse para almoçar. Não tenho nada com o governo. Tem colegas aqui que tem. O que houve foi um almoço e eu conversei como converso com qualquer um. Ou quer dizer agora que se eu for almoçar com o Maxwell (Vaz, SD), que é da oposição, eu serei oposição também?”, questionou Alan Mansur.
As alfinetas ao vereador da região serrana foram fazendo-o recuar, tornando os discursos cada vez mais brandos, com George se justificando sobre o fato de que seu irmão, Joaquim Jardim, ser Secretário de Agroeconomia, alegando que não teve qualquer participação em sua indicação, mas esquecendo-se de mencionar outro parente seu na gestão municipal, a Secretária de Cultura, Tânia Jardim Mussi.
“Já almocei com vários secretários. E sempre fui em busca de informações sobre como os secretários poderiam ajudar a resolver as demandas da população, assim como fui saber do Leo Gomes, que é Secretário de Relações Institucionais, o que a secretaria dele pode nos ajudar. Não estou entendendo a preocupações dos vereadores que têm secretários indicados na prefeitura. Mas concordo com o vereador George Jardim. Indicou? Então tem que fiscalizar mesmo. Trabalha. Cobra do secretário que indicou. Não pode é não falar por medo de perder a secretaria. Assim está até atrapalhando o governo”, disparou Marvel, ironizando o colega de plenária.