Campos, Cabo Frio, Macaé e Rio das Ostras receberão articuladores, artistas, jornalistas, entre outros, para discutir cultura e comunicação
Tunan Teixeira
Nesta semana, os grupos Fora do Eixo e Mídia Ninja realizam uma série de encontros nas cidades da Região dos Lagos e do Norte Fluminense para discutir a cultura e a comunicação no cenário nacional.
Os grupos, que ganharam grande destaque nas redes sociais durante a crise política nacional que culminou com o golpe político-institucional que promoveu o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), realizarão os encontros em 4 cidades da região nos dias 22 e 23 deste mês.
Além de Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras, os encontros acontecerão também em outras cidades do interior do estado, como Penedo, Petrópolis, Três Rios e Maricá, consideradas “potências do interior”.
“Serão conversas infinitas com articuladores, produtores culturais, jornalistas e midialivristas, designers, fotógrafos, bandas, bancos comunitários, pontos de cultura, movimentos sociais e sindicais, e quem mais quiser colar”, anuncia a descrição dos eventos, todos publicados no Facebook.
Segundo os organizadores do evento, os encontros servirão para criar uma rota que ajudará na mobilização estadual para o Encontro Fora do Eixo & Mídia Ninja RJ, marcado para acontecer no Rio de Janeiro, nos dias 1 e 2 de julho.
“Juntos, vamos pensar, e construir arranjos colaborativos para a cultura e comunicação e criar alternativas sustentáveis e novos percursos culturais”, revelam os organizadores.
Em Macaé, o Encontro Fora do Eixo & Mídia Ninja, marcado para ter início às 20h, será realizado nesta quinta-feira, 22, no Teatro do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro NF), que fica na Rua Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257, no centro da cidade.
Em Rio das Ostras, o encontro será realizado na sexta, 23, às 15h, na Casa de Cultura, que fica na Rua Bento Costa Júnior, 70, no centro da cidade. Também no dia 23, mas às 20h, acontece o encontro em Cabo Frio, marcado para acontecer no Frida Hotel, na Rua José Gomes da Silva, 94, no Ville Blanche.
Os movimentos – Segundo a própria descrição do movimento em sua página do Facebook, a Mídia Ninja é uma rede de comunicadores que têm o objetivo de distribuir a informação “em movimento”.
O grupo aposta ainda na lógica colaborativa de criação e compartilhamento de conteúdos, uma das características dessa realidade virtual em que vivemos, e tem como objetivo de realizar reportagens, documentários e investigações no Brasil e no mundo.
“Nossa pauta está onde a luta social e a articulação das transformações culturais, políticas, econômicas e ambientais se expressa. A Internet mudou o jornalismo e nós fazemos parte dessa transformação. Vivemos uma cultura peertopeer (P2P), que permite a troca de informações diretas entre as pessoas, sem a presença dos velhos intermediários. Novas tecnologias e novas aplicações têm permitido o surgimento de novos espaços para trocas, nos quais as pessoas não só recebem mas também produzem informações. Neste novo tempo, de redes conectadas às ruas, emergem os ‘cidadãos multimídia’, com capacidade de construir sua opinião e compartilha-la no ambiente virtual. Articulados, esses novos narradores fazem a Mídia Ninja”, defende o movimento.
Já o Fora do Eixo, que tem 10 anos de existência, se intitula uma rede colaborativa e descentralizada de trabalho, constituída por coletivos de cultura pautados nos princípios da economia solidária, do associativismo e do cooperativismo, entre outros.
O movimento também preza pela divulgação, formação e intercâmbio entre redes sociais, pelo respeito à diversidade, à pluralidade e às identidades culturais, além do empoderamento dos sujeitos, e do alcance da autonomia quanto às formas de gestão e participação em processos socioculturais.
Criado em 2005 depois uma parceria entre produtores das cidades de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG) e Londrina (PR), que queriam estimular a circulação de bandas, o intercâmbio de tecnologia de produção, e o escoamento de produtos nesta rota desde então batizada de Circuito Fora do Eixo, a rede cresceu e as relações de mercado se tornaram ainda mais favoráveis às pequenas iniciativas do setor da música.
“Os novos desafios da indústria fonográfica em função da facilidade de acesso à qualquer informação criou solo ainda mais fértil para os pequenos empreendimentos, especialmente àqueles com características mais cooperativas. Iniciativas como o Cubo card, de Cuiabá, ou os festivais que se proliferavam em toda a rede, mostraram ser possível produzir em escala auto-sustentável, pautando-se sobretudo no contato direto com produtores de outros estados, através de uma rede de informações e sob uma lógica da união de pequenos em prol de grandes ações”, analisa o Fora do Eixo, cujo circuito já está presente em 25 das 27 unidades federativas do Brasil, em sua página no Facebook.
Foto: Lüara Macår