Coordenação da unidade alerta à população sobre os perigos do alcoolismo.
O número de pacientes que procuraram o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) de Cabo Frio em 2017 é considerado alarmante. O espaço atendeu 1.954 pessoas durante o ano, além de possuir mais de 1.500 pacientes cadastrados para o tratamento do alcoolismo e demais patologias associadas ao consumo etílico e de outras substâncias. Já em 2018, somente nesses dois primeiros meses 232 atendimentos foram feitos pelo Caps-AD.
Diante dos números altos, a coordenação do Caps aproveitou o fato de no último domingo, 18, ser o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo para destacar alguns pontos importantes para conscientizar a população sobre a importância do tratamento.
“Em geral, o abuso do álcool está associado a algum outro fator ou até mesmo doença, inclusive cânceres. A combinação de bebida alcoólica com outras substâncias químicas também costuma ser frequente e agrava o quadro do paciente. Se ele toma remédios, mais grave fica a condição dele com a mistura. Ele deixa de ser bem visto no meio social, pode perder o emprego, a família. Esta é uma questão de saúde pública”, afirmou Sandra Aquino, que é psicóloga e coordenadora-geral do Caps-AD. Ela destaca que além do Caps-AD a rede de apoio de saúde conta ainda com comunidades terapêuticas, a maioria associada a entidades religiosas.
O álcool é uma droga psicotrópica que atua no sistema nervoso central, que pode causar dependência e mudança no comportamento. Se consumido de forma abusiva pode causar diversos males à saúde, como doenças cardiovasculares, cânceres, além de acidentes de trânsito. Segundo especialistas, o diagnóstico de alcoolismo não tem relação com o tipo e quantidade da substância ingerida pela pessoa, mas sim à capacidade em controlar o consumo de bebida.
Ainda de acordo com a psicóloga Sandra Aquino, atualmente o centro possui 17 pacientes diagnosticados com a doença, sendo 12 portadores de doença alcoólica do fígado e cinco com transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool.
De acordo com Pedro Ferreira, coordenador do Caps-AD, a proposta da unidade é fazer com que a pessoa seja reinserida socialmente e que tenha seus direitos garantidos. Para alcançar essa meta, a equipe multidisciplinar elabora um projeto psicoterapêutico individual para o período de tratamento, que varia de pessoa para pessoa.
“O Caps não atende pacientes em crise, salvo raras exceções. Nosso papel é articular o encaminhamento para atendimento do paciente, da família e fazermos o acompanhamento. Essa é a proposta do serviço: fazer com que a pessoa não perca o contato com a sociedade, não perca a sua dignidade e tenha os seus direitos garantidos”, afirmou, acrescentando que a pessoa pode chegar até o Caps por demanda espontânea ou por encaminhamento da rede de saúde.
Segundo ele, após o atendimento inicial e a elaboração do projeto psicoterapêutico que conta com a participação ativa do paciente, o indivíduo passa a participar das atividades do Caps, que são dinâmicas. Há ainda atendimento semanal com psicólogo, além de oficinas e grupos terapêuticos.
Este último, que também atende às famílias, tem modelo de roda de conversa em que um mediador-psicólogo “aborda um tema que de alguma forma fará referência à realidade de cada participante do grupo”. As oficinas, por sua vez, têm cunho de produção que buscam “não a perfeição do que está sendo produzido e, sim, que o paciente comunique o seu sofrimento através da oficina”.
O Ministério da Saúde monitora o consumo de álcool por meio de inquéritos e sistemas de informação e possui políticas de prevenção à saúde. No SUS, os atendimentos e tratamentos às pessoas que apresentam problemas decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas são realizados por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A iniciativa conta com 2.155 CAPS, com capacidade para 43 milhões de atendimentos por ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
Principais sintomas do Alcoolismo - Identificar uma pessoa alcoolizada não é tarefa difícil, já que a fala costuma ficar arrastada, o equilíbrio comprometido e a postura afetada. De acordo com o CID-10, para que se caracterize dependência, pelo menos três dos sintomas do alcoolismo devem estar presentes em qualquer momento durante o ano anterior. Dentro os sintomas estão:
- Desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas;
- Tolerância: necessidade de doses crescentes de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância;
- Abstinência: síndrome típica e de duração limitada que ocorre quando o uso do álcool é interrompido ou reduzido drasticamente;
- Aumento do tempo empregado em conseguir, consumir ou recuperar-se dos efeitos da substância; abandono progressivo de outros prazeres ou interesses devido ao consumo;
- Desejo de reduzir ou controlar o consumo do álcool com repetidos insucessos também são sintomas do alcoolismo;
- Persistência no consumo de álcool mesmo em situações em que o consumo é contra-indicado ou apesar de provas evidentes de prejuízos, tais como, lesões hepáticas causadas pelo consumo excessivo de álcool, humor deprimido ou perturbação das funções cognitivas relacionada ao consumo do álcool.