Entra governo e sai governo e a lista de prioridades de Búzios sempre tem no topo a questão do saneamento. Depois de 20 anos emancipado o município conta com um aumento significativo em seu número de moradores e visitantes ao longo do ano e as ações da concessionária responsável pelo saneamento parece não acompanhar essa demanda. A população demonstra-se cansada com a lentidão aparente para a resolução dos problemas.
“As intervenções quando são feitas, nada mais são que pequenas iniciativas para remendar a saturação do sistema, tanto na coleta como no tratamento do esgoto produzido”, comentou a Sra. Ana Batista, de 68 anos, professora aposentada e moradora do bairro Vila Verde.
Em 2014 a sociedade se juntou na luta contra a transposição do esgoto da região dos lagos para o Rio Una que inevitavelmente jogaria todo o esgoto da lagoa Araruama nas praias de Búzios. Um dos deputados que havia assinado o documento aceitando o crime ambiental foi Janio Mendes (PDT), pré candidato a prefeitura de Cabo Frio. Foi evitada a transposição, mas não o esgoto cotidiano que já despejado no Rio Una, o que poluiu as praias do município, em especial as da Rasa e o santuário ecológico que é o Mangue de Pedras. Outro desastre é o esgoto lançado inatura no Canal da Marina, atingindo diretamente as praias de Manguinhos, Tartaruga e demais praias da parte norte da península.
Conversamos com o secretário de obras Paulo Abranches que explicou que a Prefeitura está muito preocupada com essa questão de saneamento: “O esgoto que cai no canal da Marina é causado pela própria concessionária de esgoto: a Prolagos. A Estação de Tratamento da Prolagos é feita para tratar 43 millitros por segundo, e tratar em processo secundário. Mas quando chove, no mínimo, são cerca de 140 mil litros por segundos. A Prolagos já devia tem visto isso. Tem que ser no mínimo triplicado. O prefeito cobra muito isso deles, faz parte de algumas de suas ações mais constantes”.
A Secretaria de Meio Ambiente já emitiu multas, sem qualquer efeito, para a concessionária, além de exigir medidas imediatas para mudar esse cenário. Agora, o Governo Municipal busca apoio da sociedade civil para levar adiante o projeto de rompimento do contrato, que vence somente em 2041, com a concessionária.
Recentemente, o prefeito André conseguiu recursos na Funasa para melhorar o sistema de tratamento de esgoto na cidade. Como a legislação impede o alocamento de verbas por causa da concessão, e como, de acordo com o prefeito, a Prolagos não cumpre suas obrigações contratuais, o jeito é encontrar uma brecha jurídica para livrar o município da empresa.
“Se não tiver alternativa irei cancelar o contrato com a Prolagos, com certeza diante dos perigos a saúde pública e ao meio ambiente haverá uma forma legal disso ser feito. Eu não vou mais tolerar que a cidade fique refém dessa situação”, disse com firmeza o prefeito André.