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Espetáculos de Cabo Frio e Rio das Ostras ganham destaque em premiação de teatro no Estado do Rio

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O teatro da região foi destaque durante a 44ª edição do Prêmio Paschoalino de Teatro, da Federação de Teatro Associativo do Estado do Rio (FETAERJ), que aconteceu na cidade de Rio Bonito, entre os dias 23 de setembro e 1 de outubro desse ano.

Com 17 indicações e 7 prêmios, os espetáculos Palimpsesto – Narrativas Negras Resgatadas, de Cabo Frio, e Eu Negra, de Rio Ostras, saíram como vencedores em diversas categorias durante o evento que reuniu grupos teatrais de Guapimirim, Araruama,  Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Rio Bonito, Maricá, e Mesquita, além das duas cidades da região.

Enquanto Palimpsesto – Narrativas Negras Resgatadas, da FabricARTE Cia de Teatro, recebeu os prêmios nas categorias de Revelação Artística Segundo Júri, com a atriz Rafaela Solano, e de Destaque Sonoplastia, com Walace Mateus; Eu Negra, do Grupo Cria Expressões Humanas, venceu nas categorias de Destaque de Iluminação, com Bruno Henrique Caverninha, de Destaque de Atriz e Melhor Atuação Segundo o Júri, com Cláudia Byspo, e Melhor Espetáculo e Melhor Espetáculo Segundo o Movimento.

A peça da FabriCARTE recebeu ainda as indicações nas categorias de Destaque de Iluminação, Destaque de Pesquisa Corporal, Destaque de Atriz, Melhor Atuação Segundo o Júri, Destaque de Direção, e Melhor Espetáculo, enquanto o espetáculo do Cria foi indicado também nas categorias de Destaque de Figurino, Destaque de Autor do Movimento, Destaque de Pesquisa Corporal, e Destaque de Direção.

No solo narrativo, Palimpsesto – Narrativas Negras Resgatadas, o trabalho da FabricARTE de Cabo Frio, contou a atriz Rafaela Solano, que também é a diretora do Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, e com texto, direção, cenografia e trilha sonora de César Valentim.

No espetáculo, uma mulher negra assume seu protagonismo e busca resgatar as histórias de vidas negras apagadas e silenciadas na história do país, lembrando o termo “palimpsesto”, que remete a narrativas e histórias rasuradas para que outras possam ser reescritas sobre elas.

“Foi gratificante receber esse retorno do público e dos artistas presentes no Festival, que nos deram retorno positivo e sugestões que poderão fazer o processo do espetáculo crescer cada vez mais. Levar o racismo estrutural em que a sociedade está inserida para os palcos e suscitar discussões é de extrema importância. Essas narrativas precisam ser resgatadas e levadas ao grande público, alunos, para que o combate ao racismo e todas as suas vertentes seja constante. É preciso estar atento e combativo sempre”, destacou o César Valentim.

Criado em 2013 como um esquete, o espetáculo Eu Negra, do Cria de Rio das Ostras, surgiu de um pedido de uma apresentação do poema O Navio Negreiro, de Castro Alves, na Casa de Cultura da cidade, mas que ganhou novos rumos em contato com a comunidade Quilombola da Machadinha, em Quissamã.

“Eu conversei com mulheres de lá e o trabalho ganhou um aprofundamento. Elas disseram que não queriam ser retratadas apenas como as donas da dor, em razão das dores da escravidão; elas queriam ser configuradas como donas dos sonhos. Elas não queriam negar a dor, mas também não queriam ser só isso, e aí veio uma relação com a mulher de Carucango, do amor que eles viveram”, contou Cláudia Byspo, que além de atuar, também assina o texto, a direção, e a pesquisa corporal do espetáculo.

Extremamente premiado em festivais de esquete como o FESQ de Cabo Frio e o Esqueterê, o esquete Eu Negra teve seu texto ampliado e sua pesquisa física caminhando para o estudo de um “corpo político”, como chama a autora, que, para além de retratar um corpo puramente estético, queria trazer para o espetáculo reflexões sofre a exploração do corpo negro pela sociedade ao mesmo tempo em que apresentava um corpo cotidiano.

“Eu aumentei o texto. Mas a concepção vai para um lugar muito imagético. Eu queria um corpo político. Um corpo que não é só um corpo estético, um corpo como acontecimento, como ele existe no cotidiano, como ele se comporta, como ele dialoga, como se manifesta, não apenas falando do padrão estético da mulher negra como objeto. Sempre colocaram a gente como um corpo sexual, e a gente é muito mais que isso”, lembra Cláudia Byspo.


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