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Alerj recebe Comissão Especial da Câmara Federal para debater proposta de Reforma Tributária do governo federal

Em seminário realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), pela Comissão Especial da Câmara Federal que analisa a Reforma Tributária, o secretário estadual de Fazenda, Luiz Cláudio de Carvalho, defendeu a aprovação da matéria que tramita no Congresso.

De acordo com ele, para o Estado do Rio sair da crise financeira em que se vê mergulhado há anos, será necessária a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 45, de 2019, (PEC45/19), que propõe a Reforma.

Curiosamente, Luiz Cláudio parece repetir o discurso da gestão anterior do Estado, tanto do secretário de Fazenda quanto da base governista na Casa, à época da votação da privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (CEDAE), aprovada pela Alerj em fevereiro de 2017.

Na época, a medida foi apontada como “necessária” para que o Estado do Rio, através do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), pudesse sair da crise financeira. E mesmo com o RRF assinado, as dívidas do Estado aumentaram e a crise está longe de ser resolvida.

Com uma dívida consolidada superior a 200 bilhões de reais e previsões orçamentárias com déficit de 10,7 bilhões de reais para 2020, o Estado do Rio de Janeiro foi o 7º estado da federação visitado para discutir o tema.

Conforme afirmou o secretário de Fazenda do governo Wilson Witzel (PSC) durante o seminário na Alerj, para sair do vermelho, além de tempo, será necessário reduzir despesas e aumentar receitas do Estado.

“É a Reforma Tributária que nos dá a possibilidade de ter êxito no aumento de receita. Ela será uma ferramenta muito importante para destravar o crescimento econômico do país e principalmente do Estado. A Reforma veda, entre outras coisas, a guerra fiscal, um problema que assola o Rio há muito tempo”, comentou Luiz Cláudio.

A PEC45/19, que tramita na Câmara Federal, abrange 5 tributos, que seriam transformados em 1 único, dessa forma, criando uma cobrança que recairia sobre o consumo e seria cobrada no destino.

A ideia é substituir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e o Imposto Sobre Serviços (ISS), pelo o único Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

De acordo com a proposta de autoria do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), que teve como referência um estudo elaborado pelo economista brasileiro Bernard Appy, a base de cálculo será uniforme em todo o país, mas os entes federativos terão autonomia para fixar as alíquotas, que serão aplicadas a todas as operações.

O projeto ainda deverá ser analisado pela Comissão Especial e, se aprovado, segue ao plenário da Câmara, onde precisará passar por 2 turnos de votação antes de ir ao Senado, quando será reavaliado e, em caso de alteração do texto pelos senadores, voltará a Câmara.

“A Reforma Tributária é uma possibilidade interessante para o Rio de Janeiro a médio prazo. Todos os tributos serão cobrados no destino, no produto, e o Estado do Rio é o maior consumidor de mercadorias do Brasil. Consumimos mais do que produzimos. Então, passados os primeiros 10 anos, quando a Reforma poderá ser consolidada, como determina o projeto, isso poderá representar um aumento significativo de receita”, adiantou o presidente da Comissão de Tributação da Alerj, deputado estadual Luiz Paulo (PSDB).

Para o tucano, a Reforma acabaria também com a substituição tributária, outro problema que gera um alto índice de sonegação fiscal no Estado do Rio.

Presidente da Comissão Especial da Reforma Tributária, o deputado federal Hildo Rocha (MDB-MA) explicou que o objetivo da Reforma é simplificar e dar maior transparência no sistema que incide sobre a base do consumo, tributo que, segundo ele, equivale a 50% da carga tributária do Brasil atualmente, podendo chegar em alguns estados a 90% de toda carga tributária da região.

“Hoje, o sistema tem criado muitas injustiças, o que torna difícil diminuir as desigualdades sociais no nosso país. Além do que, o sistema atual impede alguns governos de crescerem. Temos que mudar o sistema. Se não mudarmos, muitos estados vão continuar com uma forte crise”, pregou Hildo Rocha.

Presente ao seminário, o deputado federal Vinicius Farah (MDB-RJ), que é membro suplente da Comissão Especial e vice-presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, defendeu a manutenção de incentivos fiscais na Reforma Tributária.

Ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito do Rio (Detran.RJ), Farah também reforçou que é preciso ressaltar os casos de sucesso dessa política, ou seja, aquelas cidades que souberam aproveitar as oportunidades geradas pelos benefícios fiscais.

“Foi a política de incentivos fiscais que permitiu que Três Rios gerasse, em 8 anos, 13.100 empregos, fruto da chegada e da abertura de 2.452 empresas em nossa cidade, que estava quebrada. Saímos de um orçamento de 69 milhões de reais para 404 milhões de reais ao ano”, afirmou o deputado do MDB, que foi prefeito de Três Rios entre 2009 e 2016.

O próximo Estado onde o tema será discutido será o Pará, na região Norte do país. Para o coordenador do seminário e deputado federal, Paulo Ganime (NOVO-RJ), que também esteve em audiência pública da Alerj sobre a possibilidade de mudança nas regras de partilha dos royalties, é importante o contato com a população.

“Queremos ouvir a população e também a representação de classes de cada localidade. A sociedade não está em Brasília, está em cada Estado e precisamos construir uma Reforma em conjunto. Foi fundamental a nossa vinda ao Rio. Nosso Estado passa por uma grave crise e a Reforma Tributária é que vai dar condições para quem quer investir no Estado conseguir fazer isso sem prejuízos”, disse Paulo Ganime.

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