O sábado (15) foi palco de mais uma edição da Feira Quilombola, realizada sempre no segundo sábado de cada mês no Horto Municipal de Cabo Frio. Desta vez, o encontro ganhou uma edição temática voltada ao Mês da Consciência Negra, ampliando a programação tradicional com ações que destacaram a identidade quilombola, a cultura afro-brasileira e o incentivo a políticas públicas de igualdade racial.
A edição de novembro foi considerada um marco pelos organizadores, reunindo cerca de 1,5 mil visitantes — quase o dobro das participações habituais — entre 9h e 17h.
Quem passou pelo evento encontrou artesanatos diversos, produtos alimentícios da agricultura familiar, pratos variados para degustação, música ao vivo, exposição de pintura ao ar livre e serviços gratuitos de saúde, além do atendimento oferecido pelo Núcleo de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde.
Promovida pela Cooperquilombo e pela CoopaLagos, a feira tem entrada livre e recebe apoio da Prefeitura de Cabo Frio por meio das secretarias de Meio Ambiente, Clima e Saneamento; Cultura; e Saúde.
Entre os visitantes estava Rita Maria de Oliveira, de Iguaba Grande, que conheceu o evento na véspera e decidiu participar pela primeira vez. Ela contou: “Soube da feira na sexta-feira, no ‘Nosso Samba’, e resolvi vir aqui hoje conferir. Estou extasiada. Cheguei para ficar só um pouco, mas só saio quando terminar. E a proposta desta edição me encantou: sou negra e amo cultura, eu me senti em casa”.
Outra estreante no evento, a baiana Cosmira Maria de Jesus comemorou a alta procura pelo acarajé e destacou a relevância da iniciativa para os empreendedores locais. Ela afirmou: “Estou pensando como perdi tempo não expondo antes. Um projeto diferenciado que olha para os empreendedores locais com carinho, pois nos fortalece, nos une e nos faz crescer financeiramente. Desejo estar em todas as edições, a partir de agora”.
Um dos momentos de destaque da programação foi o Encontro de Mestres e Mestras das Culturas Populares e Tradicionais de Cabo Frio – Região das Baixadas Litorâneas, organizado pelo Pontão de Cultura Ubuntu por meio da Política Nacional Aldir Blanc. A ação reuniu representantes de tradições como capoeira, jongo e outras matrizes afro-brasileiras, que participaram de conversas e apresentações ao público.
Presente ao evento, o secretário municipal de Cultura, Carlos Ernesto Lopes, reforçou o papel da feira na valorização cultural e na promoção de políticas antirracistas. Ele declarou: “A Feira Quilombola é um projeto diferenciado de valorização da produção e cultura local, sempre. A edição em celebração ao mês da Consciência Negra traz o objetivo especial de reforçar a importância da luta pela igualdade racial, gerando esse sentimento de pertencimento da população negra, representada pelos quilombos e representantes de matrizes africanas. Além disso, estamos gerando cultura para toda a população que passa a conhecer a raiz da nossa própria história”.
Foto: Wislei Rabello