No próximo sábado (10), às 18h, a Casa de Cultura José de Dome – Charitas, em Cabo Frio (RJ), será palco do lançamento do livro A Loucura e a Cidade de Campos – Memória e Cotidiano, de autoria da psicóloga e pesquisadora Maria do Socorro Malatesta Freitas. O evento é gratuito e aberto ao público.
O encontro marca simbolicamente a Semana da Luta Antimanicomial, período dedicado à discussão dos direitos de pessoas com sofrimento psíquico e à desconstrução das práticas excludentes ainda presentes na saúde mental. A escolha de Cabo Frio como sede do lançamento amplia o alcance do debate, promovendo intercâmbio entre profissionais e estudantes de áreas como psicologia, medicina, urbanismo, jornalismo, serviço social e história.
A publicação se ancora em uma pesquisa rigorosa e interdisciplinar, articulando saberes da Sociologia, Filosofia, Antropologia, História e Psicologia. A narrativa recua ao período de 1941 a 1950, em Campos dos Goytacazes, para examinar o modo como figuras vistas como excêntricas – os chamados “tipos populares” – ocupavam o imaginário urbano. Marginalizados por vezes, fascinantes em outras, esses personagens ajudaram a moldar a memória coletiva e revelam muito sobre os limites do que chamamos de “normal”.
Maria do Socorro, que tem formação em Psicologia (CES/Juiz de Fora), mestrado em Sociologia (IUPERJ) e doutorado em Psicologia Clínica (PUC-Rio), se destaca por sua trajetória voltada à análise crítica da loucura e da Reforma Psiquiátrica, sempre sob um viés sócio-antropológico. Atualmente, ela se dedica à escrita e à produção acadêmica nas áreas de Saúde Mental e Família.
O livro vai além de uma abordagem meramente acadêmica: é um ensaio sensível sobre a maneira como a sociedade urbana acolhe ou rejeita o diferente. Ao se debruçar sobre registros históricos do Arquivo Público Municipal de Campos, a autora constrói uma narrativa que questiona o conceito de marginalidade e propõe uma leitura crítica da cidade como espaço simbólico de inclusão e exclusão.
A obra é, portanto, mais do que um estudo sobre o passado: é um espelho onde o presente pode (e deve) se enxergar. O lançamento será um momento de diálogo e escuta — um espaço para pensar como tratamos aqueles que desafiam os padrões de comportamento social e que, muitas vezes, habitam as margens da cidade e da consciência coletiva.