Problema que vem sendo debatido intensamente nos últimos meses, com ações de diversos municípios, o despejo clandestino de esgoto na Lagoa de Araruama fez mais uma vítima, dessa vez a economia de São Pedro da Aldeia, que teve um restaurante fechado há pouco mais de 10 dias, devido à situação.
Dono do restaurante Sal da Terra, que funcionava na Avenida Beira Mar, 280, no Boqueirão, o empresário Fillipe Guia usou as redes sociais, no último dia 14, para comunicar o fechamento do estabelecimento.
No perfil do restaurante do Instagram, com mais de 26 mil seguidores, está lá a justificativa, em letras garrafais, “Encerramos nossas atividades pelo motivo de poluição na Lagoa”, para quem quiser ver, na descrição do perfil.
Em vídeo, com diversas imagens da sujeira que se espalha pela laguna, o empresário fala em pesar ao anunciar o encerramento das atividades do restaurante, além de ironizar a Prolagos, concessionária responsável pelo serviço de esgotamento sanitário do município.
“Eu, como empresário da cidade, quero agradecer a Prolagos pela demissão de 14 funcionários [do restaurante], e suas famílias, em virtude da falta de competência no gerenciamento do esgoto sanitário do município de São Pedro da Aldeia”, disparou Fillipe Guia.
Na publicação, o empresário revela que vem sofrendo com o problema do mau cheiro causado pela sujeira da lagoa há 4 meses, relatando uma queda de público, especialmente, desde novembro de 2024, meses antes de ações de fiscalização apontarem despejo clandestino de esgoto nas águas da laguna.
Por fim, Fillipe Guia agradeceu aos frequentadores e seguidores do restaurante durante os 4 anos em que esteve aberto na orla, relembrando momentos “inesquecíveis”, e avisando que, apesar de dura, a mensagem não é de um “adeus”, e sim um “até logo”.
Gestão atenta e preocupada – A denúncia do empresário reforça a preocupação do prefeito Fábio do Pastel (PL), que, desde o início do ano, vem redobrando os esforços para tentar resolver o problema de poluição da Lagoa de Araruama.
Com diversas reuniões com gestores dos municípios banhados pela laguna, a gestão municipal tenta encontrar soluções, como em audiência pública realizada poucos dias depois do anúncio do fechamento do Sal da Terra, no Rio de Janeiro.
Na ocasião, a Câmara de São Pedro da Aldeia recebeu uma audiência pública que reuniu representantes do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), da Secretaria Estadual de Ambiente e Sustentabilidade, da Agência Reguladora de Energia e Saneamento do Estado do Rio (Agenersa), da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), e do Instituto Estadual de Ambiente (Inea), e dos municípios de Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, e Iguaba Grande, além das concessionárias, Prolagos e Águas de Juturnaíba.
“A audiência foi extremamente positiva, com a sociedade participando, dando contribuição. A Secretaria de Meio Ambiente e Pesca tem feito um trabalho exaustivo de fiscalização da lagoa, com números bem propositivos e resultados concretos. Temos a ampliação do cinturão, o Canal do Mossoró sendo interceptado, a duplicação da Estação Terciária de Tratamento de Esgoto de São Pedro da Aldeia, entre outros. Tudo isso foi fruto de um trabalho feito pela prefeitura junto à Prolagos, com pedidos exaustivos do prefeito Fábio do Pastel. Ainda tem muito a ser feito e as fiscalizações e devidas cobranças não vão parar”, relatou o secretário de Meio Ambiente e Pesca de São Pedro da Aldeia, Mário Moreira.
Presente ao encontro da última semana, o secretário estadual de Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi (SOLIDARIEDADE), também reforçou o compromisso do governo estadual com a situação da Lagoa de Araruama.
“A parceria entre os municípios, o Estado e os órgãos reguladores, é fundamental para garantir que essa transformação aconteça. Estamos empenhados em avançar com investimentos e ações concretas para recuperar a laguna, incluindo a avaliação da viabilidade de dragagem”, afirmou Bernardo Rossi, depois do encontro.
