Relatores das reformas dizem que não há como avançar nas discussões devido à situação do país
Tunan Teixeira
A crise política que se agravou no país após as denúncias contra o presidente da república, Michel Temer (PMDB), acusado de participar da compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato, parece ter complicado os trâmites das reformas no congresso nacional.
No fim última semana, os relatores das reformas, Trabalhista e da Previdência, respectivamente, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e o deputado Arthur Maia (PPS-BA), anunciaram que as discussões sobre os projetos estão paralisadas devido às denúncias.
“Certamente, não há espaço para avançarmos com a Reforma da Previdência no Congresso Nacional nessas circunstâncias”, disse o relator da reforma à Agência Brasil.
Desde a última quinta-feira, 18, Temer está sendo investigado depois de ter seu nome citado em delação premiada dos donos da JBS, maior frigorífico do país, à Procuradoria Geral da República (PGR), em que ele é acusado de participar da compra do silêncio de Eduardo Cunha.
“Passamos a viver um cenário crítico, de incertezas”, comentou Arthur Maia, após vazamento da delação premiada dos empresários Joesley Batista e Wesley Batista, donos da JBS.
Para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição 287, de 2016 (PEC287/16), que propõe a reforma, o deputado federal buscava conseguir 308 votos na Câmara, mas depois das denúncias, a bancada governista entendeu que não seria possível continuar discutindo o tema.
“É hora de arrumar a casa, esclarecer os fatos obscuros, responder com verdade a todas as dúvidas do povo brasileiro, punindo quem quer que seja, mostrando que vivemos em um país em que a lei vale para todos”, avaliou Maia.
O discurso faz coro com o que anunciou o relator da Reforma Trabalhista no Senado, Ricardo Ferraço, que também disse que não há mais clima para votação do projeto que já passou pela Câmara Federal, e agora tramitano Senado.
Em nota publicada na semana passada, Ferraço declarou que a crise institucional é tão grave que a Reforma Trabalhista, que tinha votação prevista entre os dias 12 e 15 de junho, se tornou secundária após as denúncias, que envolveram, além de Temer e Cunha, o deputado federal Rocha Loures (PMDB-PR), e os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Zezé Perrella (PTB-MG).
“Na condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário”, disseFerraço.
Desde quinta-feira, o presidente passou a ser investigado pela Polícia Federal depois de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizando a abertura de inquérito, aceitando denúncia da PGR, que já emitiu mandados de prisão para laranjas dos políticos denunciados, que também estariam envolvidos nos esquemas de corrupção.
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