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Pauta acumulada e saída de vereadores antes do fim da sessão geram nova discussão na Câmara de Macaé

A saída do vereador Marcel Silvano (PT), depois de quase 3 horas de sessão já na tarde desta quarta-feira, 15, e que deixou a plenária com falta de quórum, provocou nova discussão sobre o funcionamento dos trabalhos da Câmara Municipal de Macaé.

Ácido, o vice-presidente da Casa, Julinho do Aeroporto (MDB), disparou contra os colegas que deixaram a sessão ao longo da manhã e início da tarde, queixando-se sobre proposições de sua autoria que deixariam de ser apreciadas por falta de quórum.

“Depois o vereador reclama que as matérias não são votadas. Eu, por exemplo, estou no prejuízo, que tenho uma centena de matérias minhas que não são votadas. Aí depois reclama. Querem reclamar o quê? Não tem do que reclamar. Principalmente a oposição. Se não tem quórum para votar, que não se vote. Mas que fique registrado para que depois não haja nenhuma reclamação por conta disso. Ontem não teve Grande Expediente. Hoje também não teve Grande Expediente. É preciso então rever nossos conceitos. O que é que nós queremos de uma sessão?”, questionou o vereador, que também responde pela liderança da bancada governista na Câmara.

Apesar da saída de outros parlamentares que alegaram compromissos particulares, entre eles o líder da oposição, Maxwell Vaz (SOLIDARIEDADE) e o suplente Dr. Márcio Barcelos (MDB), a farpa acabou incomodando o petista, que retornou para defender seus colegas oposicionistas.

“A oposição, raras vezes, raras vezes deixa a sessão antes do final. Raras vezes. E na maioria das vezes, é a oposição que cumpre o papel de debater no Grande Expediente. Não nos dê essa responsabilidade. A bancada do governo tem uma maioria muito folgada, para garantir quórum. Então, não joguem essa responsabilidade para cima de 4 ou 5 vereadores, que sozinha, a oposição não garante quórum. Então, não é responsabilidade da oposição. Nós temos nossos compromissos, nós vamos seguir. Outros também tiveram e deixaram a sessão”, devolveu Marcel.

A réplica, porém, só inflamou os ânimos e Julinho direcionou as críticas ao petista, dizendo que na sessão anterior, desta terça-feira, 14, Marcel teria reclamado do assunto, durante um imenso debate entre os parlamentares sobre o acúmulo da pauta.

Primeiro secretário da Casa, o vereador Dr. Márcio Bittencourt (MDB) pediu para que a ordem das matérias fosse mantida para a próxima sessão, continuando as votações que foram interrompidas pelas saídas dos vereadores.

Num tom apaziguador, o presidente da Câmara, Dr. Eduardo Cardoso (PPS), entendeu os motivos particulares dos colegas de plenária e enalteceu as razões do vereador do PT, que se desculpara pela saída antes do término da sessão para se juntar a manifestações que estavam ocorrendo na cidade, em defesa dos direitos trabalhistas e contra os cortes profundas de investimentos na educação federal.

“Eu entendo que todo mundo tem direito, tem um problema pessoal, profissional; Márcio teve um problema profissional, outro tem filho doente, Márcio Barcelos. Todos nós temos problemas para faltar algumas vezes. Entendo até, Julinho, que hoje é um dia especial, uma manifestação política importante para o Brasil, e eu acho até que a gente poderia estar todo mundo lá, junto, continuando papel de parlamentar. Pelo menos quem acredita que seja uma injustiça o corte de verbas públicas para as escolas públicas. Mas acontece, a gente fica aqui, todo mundo fica aqui. Os faltosos, o plenário sabe quem é. Os faltosos não são esses que estão aqui”, analisou Dr. Eduardo.

Agora na base governista, o vereador Cristiano Gelinho (PTC) defendeu a bancada de oposição, contrariando seu líder, lembrando que os vereadores oposicionistas não são os que costumam deixar as sessões antes do término.

“Eu que essa questão de ficar na sessão é uma questão muito de foro íntimo. E aí não é questão de a oposição está deixando na mão ou a situação está deixando na mão. Vai de cada vereador, de cada vereador. A gente não pode aí fazer um confronto, e oposição ou situação que está deixando; não, isso aí é uma questão de foro íntimo. É o vereador que sai que tem se responsabilizar por si só. E deixar na mão. De fato, o vereador da oposição está falando uma coisa que eu sou obrigado a concordar. Eles, de fato, sempre ficam. Eu sou um dos que fico até o final. O próprio Julinho. E não vou me estender até porque daqui estou denunciando quem não fica. É uma postura de foro íntimo. Cabe a cada vereador ter responsabilidade com seu papel aqui nessa Casa”, comentou Gelinho.

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