Firjan diz que greve dos caminheiros já está afetando diversos setores da economia do Estado do Rio, como segmentos de bebidas, laticínios, frigoríficos e processamentos de alimentos, hortifrutigranjeiros, entre outros
Com a paralisação dos caminheiros chegando ao seu 4º dia em 21 estados e no Distrito Federal, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) emitiu, nesta quinta-feira, 24, novo alerta sobre a situação das indústrias fluminenses.
“No Estado do Rio há casos críticos, como na indústria de alimentos. No Sul Fluminense, por exemplo, fornecedores da indústria de laticínios estão descartando a produção de leite devido aos bloqueios nos transportes de carga. No Centro-Sul, frigoríficos de aves também não estão conseguindo escoar a produção”, explica a entidade.
Segundo a Firjan, a greve afeta diversos setores da economia do estado, como alimentos, bebidas e até a produção de vidro. Segmentos da indústria de alimentos que processam produtos altamente perecíveis como hortifrutigranjeiros sofrem tanto com a dificuldade de abastecimento quanto com a alta de preços.
“O setor de bebidas também está seriamente afetado, com algumas empresas tendo de paralisar a maior parte de suas operações. Outra situação preocupante diz respeito à indústria de vidro. A produção deste setor é realizada de forma ininterrupta e, sem receber os insumos, há risco para os equipamentos. É imprescindível, portanto, que a paralisação seja encerrada o mais rápido possível, evitando-se problemas ainda mais graves de abastecimento no Estado do Rio”, pede a Federação.
A Firjan acredita que a solução para este impasse, porém, não pode se dar via aumento de impostos, como foi aprovado pela Câmara Federal na noite da última quarta-feira, 23, em projeto que zera o PIS/Cofins do diesel até dezembro.
Brasília – Sob a liderança do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os deputados federais concederam a isenção tributária, que será compensada pela reoneração da folha de pagamento para alguns setores da indústria.
“Esse é o efeito prático na hipótese de uma redução da CIDE (Contribuição de Intervenção do Direito Econômico) ser compensada pela reoneração da folha de pagamento das empresas. Isto iria afetar toda a indústria, que voltaria a pagar aproximadamente 11 bilhões de reais anuais em impostos. Este montante equivale à remuneração de 520 mil empregados dessas atividades que hoje estão desoneradas, ou 7% da folha total”, defende a Firjan.
A decisão da Câmara Federal contraria a vontade do governo, que ainda acredita poder reverter a decisão na votação do Senado. Segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), para editar o decreto que zera a CIDE, seria preciso antes votar a reoneração da folha.
“Não há como decretarmos a redução da CIDE antes que esteja votada a reoneração. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) exige que se apresente a compensação das perdas fiscais, por isso o decreto ainda não foi publicado. Estamos aguardando a votação no Congresso”, disse Padilha em entrevista à agência internacional de notícias Reuters na noite da última quarta-feira.
Ainda de acordo com o ministro, a retirada do PIS/Cofins foi discutida pelo governo, mas não existe ainda uma decisão porque não há previsão de compensação de arrecadação que cubra a perda fiscal de zerar a CIDE.
O ministro admitiu também que o governo federal recebeu os alertas de greve da categoria, mas não se deu conta do tamanho do problema, limitando-se apenas a declarar que o governo “deu o encaminhamento que achou que devia dar”, só iniciando as negociações com os caminhoneiros no 3º dia de paralisação.
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