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Nova Delegacia de Homicídios de Macaé é anunciada em audiência pública sobre segurança

Comissão de Segurança da Alerj discutiu na câmara da cidade o aumento da criminalidade no interior do Estado

 

Daniela Bairros

 

A Comissão de Segurança Pública da ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), durante audiência pública realizada na tarde dessa segunda-feira (14) na Câmara Municipal de Macaé, discutiu o aumento da criminalidade no interior do Estado.

Na audiência, que foi presidida pela Deputada Estadual e Delegada Marta Rocha (PDT), que é presidente da Comissão de Segurança Pública da Alerj, foi anunciada, para a próxima semana, a assinatura do convênio com a Prefeitura de Macaé, para a construção da DH (Delegacia de Homicídio), o que para o também delegado Daniel Bandeira de Melo, que na audiência pública representou o Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Carlos Augusto Leba, será um grande ganho não só para Macaé, mas para todas as cidades vizinhas atendidas  pela 123ª Delegacia de Polícia. Daniel Bandeira, durante discurso, agradeceu o apoio do prefeito Dr. Aluizio pela parceria com a Polícia Civil para a construção da nova delegacia, que vai atuar também em roubos de carga e de veículos, além da DEAM (Delegacia de Atendimento à Mulher).

O vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Alerj, Deputado Estadual Bruno Dauaire (PR) abriu os trabalhos da audiência, ressaltando a preocupação com o aumento da criminalidade e falta de atenção do governo do Estado com o interior. Durante discurso, o parlamentar enfatizou que desde o início da comissão de segurança, os esforços estão voltados para o regresso de policiais militares, nascidos em cidades do Norte e Noroeste Fluminense, mas que trabalham em batalhões da capital e UPPS (Unidades de Polícia Pacificadora). Outra questão, segundo o deputado que é de extrema importância, é o aumento do efetivo de policiais no interior do estado e a abertura do DPOS (Destacamentos de Policiamento Ostensivo) implantados nos distritos da região serrana de Macaé, mas que atualmente estão fechados. “A região serrana de Macaé sofre com a alta criminalidade. Sabemos que a PM se esforça, trabalhando com poucos policiais na localidade porque muitos hoje estão na capital, mas precisamos reverter a situação porque a população está amedrontada com tanta violência em todo o estado. Podemos sim comparar que a situação da capital é bem mais grave, séria, mas aqui no interior é assustador e a população está sentindo”.

O parlamentar ressaltou ainda a necessidade de implantar, em Macaé, o estatuto da Guarda Civil Municipal. Para ele, o órgão pode ajudar, e muito, a melhorar a segurança na cidade. “Hoje o efetivo da GM de Macaé é maior do que o da Polícia Militar. É claro que os guardas municipais não possuem o poder de polícia, mas têm condições, por exemplo, de auxiliar no patrulhamento preventivo. Isso precisa ser visto e avançar para ser implantado, mas a passos largos”, declarou.

O vereador Welbert Rezende (PPS), que apresentou o requerimento na Câmara Municipal para a realização da audiência da Comissão de Segurança Pública da Alerj, ressaltou a importância das autoridades estarem reunidas para discutir e apontar soluções para o problema da criminalidade em Macaé. “A violência na cidade está desenfreada. O interior está esquecido, mas acredito que hoje (segunda-feira) poderemos acreditar que ações serão feitas para redução da violência local”.

UPPS

A deputada e delegada Martha Rocha, entre as ações citadas realizadas pela Comissão de Segurança Pública da Alerj, explicou que visitas foram feitas às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), onde foram constatadas péssimas condições de trabalho de cerca de 400 policiais, que segundo ela, foram deslocados recentemente de batalhões para as comunidades. Na opinião da deputada, o retorno dos policiais aos batalhões, principalmente se estão localizados na região onde moram, iria favorecer, positivamente, a segurança. Quanto ao aumento do efetivo de policiais militares para autuarem no interior, Martha Rocha anunciou a nomeação de quatro mil policiais aprovados em concurso para soldado em 2014.

Delegacia e Polícia Militar de Macaé

A grave crise financeira que atinge o estado do Rio de Janeiro, também prejudica as delegacias no interior. Durante a audiência, o delegado de Macaé, Filipi Poeys, pontuou necessidades básicas, mas que para ele, afeta em muito, o atendimento à população. “Falta tudo. Falta papel higiênico, papel A4, impressora, falta viatura, mas mesmo assim não desanimamos, pois sabemos a realidade da capital e acho que Macaé está até em uma situação aceitável, mas precisamos melhorar. E esta melhora começa sim nas dependências da delegacia, com reformas no piso e até mesmo nos banheiros”.

O comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar de Macaé, Marco Vollmer, também participou da audiência e também falou da necessidade do aumento do efetivo e de viaturas para atender os demais municípios: Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu, Quissamã e Carapebus, abrangidos pelo batalhão. “Antes desta crise, tínhamos uma empresa que era responsável, por exemplo, pela manutenção das viaturas. De 2015 para cá, tive que reativar a garagem do quartel para termos mais viaturas para trabalhar. Sei que essa é a realidade da capital e também acho que Macaé está numa situação favorável, aceitável, mas infelizmente, estamos fazendo o que está ao alcance para nosso trabalho”.

Atualmente, segundo Vollmer, o efetivo do batalhão de Macaé é de 736 policiais, mas 528 estão em atividade profissional para atender as seis cidades.

Ao final da audiência, o delegado Daniel Bandeira, que é chefe do 6ª DPA (Divisão de Polícia Administrativa) afirmou que o policial, seja civil ou militar do Rio de Janeiro, pede socorro. “Qualquer pessoa precisa de segurança para trabalhar. O policial na capital hoje em dia não tem. Estão sendo cassados. O policial precisa do apoio do Estado, Ministério Público e Judiciário para trabalhar, porque sai de casa todos os dias, mas não sabe se vai voltar. O policial está amedrontado e precisa ser valorizado”.

Ao todo, desde o início deste ano até agora, 97 policiais foram mortos enquanto trabalhavam no Rio de Janeiro. “O policial hoje no Rio de Janeiro trabalha sem receber. É um trabalho escravo. Precisam receber o RAS (Regime Adicional de Serviço), mas um ano depois das olimpíadas, quando muitos trabalharam no reforço da segurança, ainda não receberam. A Comissão de Segurança Pública vai continuar acompanhando a situação e questionar o governo sobre o pagamento do benefício”, concluiu Martha Rocha.

Crédito: Igor Faria

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