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Macaé é escolhida por pesquisadores da Fiocruz para ser piloto de projeto que estudará sequelas do coronavírus

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, selecionaram a cidade de Macaé para cooperar em uma iniciativa piloto no projeto Rede de Informações e Comunicação sobre Exposição de Trabalhadores e Trabalhadoras ao SARS-CoV-2, nome científico do coronavírus.

Na manhã dessa terça-feira, 11, os pesquisadores da Fiocruz se reuniram com representantes do Centro de Acolhimento e Reabilitação Pós-Covid (CARP) Dona Sid Carvalho, da Secretaria Adjunta de Atenção Básica, e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).

Na reunião, os pesquisadores da Fiocruz apresentaram os objetivos e as etapas do projeto que tem o objetivo de contribuir com a produção e a disseminação de informações sobre os efeitos do coronavírus nos trabalhadores offshore que foram infectados pela doença.

“A história de Macaé com a Covid (sigla, em inglês, para Coronavirus Disease) foi exemplar, por isto o município foi selecionado para esse grande passo do projeto”, afirmou a pesquisadora Rita Mattos, uma das autoras do projeto.

A Prefeitura de Macaé explicou que essa parceria com a Fiocruz permitirá difundir no ambiente de trabalho uma rede de acolhimento para o bem-estar dos trabalhadores de óleo e gás, além de criar um guia de manejo sobre a doença para a promoção da saúde desses profissionais.

“O CARP é referência no atendimento pós-covid, e estudos são importantes para melhorar o trabalho junto à sociedade. Nossa equipe já atua na reabilitação desses pacientes”, lembrou a coordenadora do CARP, Janiane Nunes, que recebeu a comissão da Fiocruz.

Durante o encontro, as pesquisadoras da Fiocruz contaram que o projeto surgiu a partir de demandas do Ministério do Trabalho sobre os sintomas pós-covid, motivadas por dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo informações de bancos de dados da Anvisa, as plataformas de petróleo foram locais de espalhamento do coronavírus, mesmo com as medidas adotadas contra a disseminação, daí a importância do projeto com esses trabalhadores.

“Esse 1º encontro tratou da importância de realizar ações integradas e ficou definido que os pesquisadores enviarão a minuta do projeto e o termo de cooperação com o município”, revelou a prefeitura.

De acordo com a pesquisadora Rita Mattos, os estudos são importantes porque trabalhadores que foram infectados pelo SARS CoV-2 têm experimentado sequelas da doença, condição reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo a pesquisadora, uma dessas principais sequelas apontadas no estudo é a fadiga, que tem acometido muitos trabalhadores que podem nem se dar conta de que se trata de um efeito da chamada pós-covid ou covid longa.

Secretária adjunta de Atenção Básica de Macaé, Natália Antunes defende que é importante que a sociedade e os trabalhadores sejam informados sobre os efeitos e as sequelas da doença, além de ressaltar o papel do município como base desse estudo.

“O município tomou medidas eficazes para conter a doença na pandemia. Os petroleiros são expostos, ocupacional e ambientalmente, à Covid, mesmo com as medidas de controle decretadas pelo município, e precisam, sim, de acolhimento em seu ambiente de trabalho, e informações sobre os efeitos da doença”, afirmou Natália Antunes.

Coordenadora do Programa de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador de Macaé, Lys Oliveira Vieira acrescentou que a realização do projeto no município será importante para o trabalho que a rede pública municipal vem fazendo em relação à doença.

“Esse projeto também é importante para o trabalho do município na rede de saúde com a possibilidade de fazer o levantamento para a prevenção”, comentou Lys Oliveira Vieira.

Também presente ao encontro, o representante do Sindipetro-NF e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Raimundo Teles, acredita também que a parceria com o município contribuirá para atrair empresas para a cidade, além de trazer as informações dos estudos mais rapidamente à sociedade e aos trabalhadores.

A reunião foi realizada no CARP Dona Sid e contou ainda com a presença das pesquisadoras da Fiocruz, Liliane Teixeira e Ana Luiza Michel Cavalcante, também autoras do projeto, além do diretor do Sindipetro-NF e membro do Conselho Municipal de Saúde, Benes Júnior.

O projeto Rede, que também tem autoria dos pesquisadores, Camila Henriques Nunes, Augusto de Souza Campos, Eliana Napoleão Cozendey-Silva, e Maria Juliana Moura Correa, é constituído ainda pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fiocruz, incluindo o Centro de Estudos e Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh).

De acordo com a prefeitura, o próximo encontro entre os pesquisadores da Fiocruz e representantes do município, que acontece no próximo mês de junho, já tem local definido, o auditório do Sindipetro-NF, que fica na Rua Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257, no centro de Macaé.

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