Anthony Garotinho, que também é investigado por corrupção em Campos, aposta na renúncia mesmo após Temer dizer que não vai renunciar
Tunan Teixeira
Mesmo após o pronunciamento do presidente Michel Temer (PMDB), na tarde da última quinta-feira, 17, se dizendo inocente e garantindo que não iria renunciar à presidência, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PR), acredita no contrário.
Em seu blog, Garotinho, que também está sendo investigado por corrupção em Campos dos Goytacazes, disse após divulgação de áudio que o presidente só está negociando condições para fazer anúncio oficial;
“Michel Temer fez pronunciamento dizendo que não vai renunciar. Mas segundo várias pessoas com quem conversei durante a tarde, ele já renunciou. Só não o fez ainda formalmente porque quer certas garantias de Rodrigo Maia (DEM-RJ, presidente da Câmara Federal) e Eunício Oliveira (PMDB-CE, presidente do Senado). Pesou em sua decisão de renunciar a posição do PSDB, que já avisou que vai para a oposição. Seu discurso foi uma mera encenação combinada com Eliseu Padilha (PMDB) e Moreira Franco (PMDB)”, alegou o ex-governador.
Garotinho lembra ainda que foram expedidos 8 mandados de prisão, sendo dois deles contra pessoas que já estão presas, o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o doleiro Lúcio Funaro, ligado a Cunha. Além deles, a irmã e um primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), respectivamente, Andréa Neves e Frederico Pacheco de Medeiros; assim como Willer Tomaz, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais da OAB-DF; Ângelo Goulart Vilella, procurador da República no Tribunal Superior Eleitoral; Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro; e Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrela (PTB-MG), também foram presos na última quinta-feira.
Garotinho ressalta ainda que o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, autorizou também a abertura de inquéritos contra o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e contra o presidente da república.
“Se ao final do inquérito houver denúncia e for transformada em ação penal pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente será afastado imediatamente. Diferente do crime de responsabilidade, cujo rito exige votação das duas Casas Legislativas (Câmara e Senado), a simples aceitação de ação penal obriga o presidente a se afastar do cargo”, explicou Garotinho.
O ex-governador, que está sendo acusado por compra de votos nas últimas eleições municipais, e chegou a ser preso pela Polícia Federal em outubro do ano passado, mas saiu depois de pagar a fiança, revelou ainda que os donos da JBS, que apresentaram a delação premiada à Procuradoria Geral da República, teriam agido sob orientação de Eduardo Cunha, que teria ficado incomodado por Temer não tê-lo ajudado a escapar da prisão, que também ocorreu em 2016.
“Dez entre dez políticos com quem conversei hoje à tarde têm a convicção de que Joesley e Wesley Batista agiram por orientação de ex-deputado Eduardo Cunha. Todos concordam que Eduardo cansou de esperar um movimento de Temer para ajudá-lo”, conta Garotinho.
Ele diz, porém, que os escândalos envolvendo Temer, Cunha e Aécio não são motivos para os petistas comemorarem, pois novas revelações das delações envolveriam os ex-presidentes Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT), além de outros integrantes do partido. “Contra Dilma o delator afirma que, via caixa 2, deu 30 milhões de reais para a campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais. E contra Lula, que pagou várias palestras fictícias para esquentar dinheiro”, diz o ex-governador.
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