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Crise, greve e pressão fazem Pedro Parente renunciar a presidência da Petrobras

Na foto, Ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (PMDB-RJ), afirmou que a criticada política de preços da empresa não sofrerá alterações mesmo após renúncia e troca de comando

A crise no abastecimento causada pela greve dos caminhoneiros que afetou todo país e a pressão feita pelos trabalhadores sobre os altos preços dos combustíveis no país foram suficientes para derrubar o agora ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, que renunciou ao cargo no último dia 1 de junho.

“A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do país desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no país. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel”, diz Parente, em carta ao presidente Michel Temer (PMDB), divulgada pela empresa na última sexta-feira.

Para o seu lugar, foi indicado o engenheiro Ivan de Souza Monteiro, que assumiu interinamente na noite da mesma sexta-feira, nome confirmado também por Michel Temer, pronunciamento à nação, onde reafirmou apoio à política de preços da empresa.

“A indicação será submetida aos procedimentos de governança corporativa da Petrobras, incluindo as respectivas análises de conformidade e integridade necessárias ao processo sucessório da companhia, com apreciação pelo Comitê de Indicação, Remuneração e Sucessão e, posteriormente, deliberação do Conselho de Administração”, informou a estatal.

A Petrobras afirmou ainda que a indicação de Ivan Monteiro partiu do Conselho de Administração, depois de uma reunião extraordinária, na qual o presidente do Conselho, com base em previsão estatutária (§3º do Art. 27), indicou e nomeou o engenheiro para o cargo de presidente interino da companhia até a eleição do novo presidente definitivo.

Com isso, Ivan Monteiro passa a acumular a função de diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores. Em sua carta de renúncia, Parente avalia que, com a crise recente e as discussões sobre a política de preços da empresa, sua gestão teria deixado de ser positiva.

“Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas. Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período necessário para aquele que vier a me substituir”, escreveu o ex-presidente da Petrobras.

No sábado, o Ministro de Minas e Energia, Moreira Franco (PMDB-RJ), usou o Twitter para afirmar que a troca de comando na estatal não afetará a criticada política de preços da empresa, que desde o fim da greve, já anunciou aumento da gasolina nas refinarias.

“A troca de comando não alterou a política de preços da Petrobras. A Petrobras continua tendo toda liberdade para aplicar sua política de preços. Mas isso não é incompatível com a busca de ações que mitiguem os impactos de flutuação de preços. Porque governo tem que governar. E é isso o que vamos fazer: proteger as pessoas e atividades econômicas das flutuações internacionais dos preços dos combustíveis”, disse Moreira Franco.

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