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Escola de Artes de Macaé abre mostra de fim de ano com espetáculo 'Diversos'

Apresentação será nesta terça-feira (07), às 20h, no Teatro Municipal de Macaé.

O Teatro Municipal de Macaé apresenta nesta terça-feira (7), às 20h, o espetáculo 'Diversos', uma produção do Curso Livre de Teatro que abre a mostra de fim de ano da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart). O trabalho é a culminância das aulas ministradas pela atriz e professora Cláudia Byspo, reunindo no palco 21 alunos de três turmas e cinco atores convidados. A obra vem com um diferencial: surpreender a plateia. A entrada para o espetáculo é gratuita.

A peça é um drama que trabalha com o encontro dos universos humanos abrigados na confusão social de um lugar chamado Brasil. Várias histórias se encontram e se desencontram riscando temas que permeiam a existência do povo brasileiro. Pedofilia, estupro, tráfico,religião, machismo, homossexualismo, amizade, traição, violência levam os personagens do amor ao ódio, da crueldade à inocência, da loucura à sanidade, da memória ao patrimônio, da dor à pátria. Um retrato construído com recorte para o contexto das periferias de Macaé.

O processo de montagem se iniciou em agosto, com ensaios intensos e dedicação total do elenco e direção, que é da própria atriz. Para Cláudia Byspo, a montagem é um desafio já que a maioria do elenco nunca pisou no palco. "A ideia é desmistificar o teatro apenas como entretenimento sem propósito, e trabalhar a questão do artista-cidadão. Lancei a proposta e logo foi aceita por todas as turmas. O elenco entendeu que precisa ter respeito pela arte e descobriu que o teatro é um poderoso instrumento de identidade”, explica a diretora de 'Diversos'.

A dramaturgia de 'Diversos' nasceu de uma construção coletiva: atores e direção, com aproveitamento de letras musicais e texto do dramaturgo Marcelo Athaualpa. O processo, desencadeado por uma partitura corporal de oito movimentos, provocou estímulos, ação e cena. O movimento trouxe os temas. Costurar as cenas virou movimento de mixagem, assumindo encontros e desencontros entre as histórias vividas, que por vezes se misturam ou se estancam. Para iniciar o espetáculo, personagens surgem da plateia. Um artifício de trazer o público, desde o início, para dentro do contexto social que será apresentado.

No figurino as cores da bandeira brasileira, deixando o branco para o núcleo das crianças, ampliando o significado da cor (desejo pela paz) para o desejo de esperança. Para o cenário, dois elementos: um banco que passeia pelo espaço cênico dando chances para a formação de planos e figuras estéticas e projeção, que dialoga com as cenas mixadas.

Para trabalhar a corporeidade do elenco, a aplicação do relacionamento entre motivações interiores do movimento e o funcionamento exterior do corpo – conceito estudado pelo teórico de dança-teatro Rudolf Laban, somando-se ao treinamento do ator a partir dos animais, do pesquisador teatral Eugênio Barba. A ideia foi aproveitar a precisão de movimentos no coletivo de maneira natural e, descobrir um material criativo para o palco, levando em conta a visceralidade dos personagens.

Na interpretação uma aposta alta nas mudanças de afeto, indicadas pelo texto. Para tal, não houve privação da aplicabilidade das técnicas de Stanislavsk, para garantir o princípio da verossimilhança com as questões humanas do cotidiano. A direção quis mixar todas as escolhas para atrair a plateia a um mergulho de reflexão, suspensão e identificação.

Daniela Bairros

Crédito: Raphael Bózeo

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