Campos que estão em declínio natural na Bacia de Campos já vislumbram período de revitalização
Tunan Teixeira
Às vésperas da 14ª Rodada de Licitações dos blocos exploratórios do petróleo, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou que a cada 1% a mais no chamado fator de recuperação nos campos antigos, em operação há quase 40 anos, pode gerar investimentos de 26 bilhões de reais.
O fator de recuperação dos campos antigos, ou maduros, como eles vêm sendo chamados, mede o quanto é possível extrair do reservatório, e é fundamental para que a indústria do petróleo planeje suas ações.
Para voltar a extrair óleo e gás desses campos, que estão em declínio natural, o uso de tecnologias avançadas é visto como imprescindível para a retomada do crescimento dos campos da Bacia de Campos, e que, graças a medidas sugeridas pelo Prefeito de Macaé, Dr. Aluizio (PMDB), pode gerar investimentos significativos no curto prazo.
Através da campanha “Menos Royalties, Mais Empregos”, o prefeito, que também preside da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), conseguiu convencer o Presidente da Petrobras, Pedro Parente, e representantes do governo federal, a se utilizar de um recurso legal, previsto em legislação de 1997, que prevê a redução das taxas de royalties dos campos maduros em 50%, caindo de 10% sobre a produção excedente para 5%.
Segundo a ANP, a exploração adicional destes campos resultaria num aumento de produção de 1 bilhão de barris de óleo equivalente (incluindo o gás natural), algo que a Prefeitura de Macaé acredita que pode reaquecer a economia da região e do setor.
O levantamento da ANP indica que o esforço adicional na exploração destes campos maduros também traria benefícios do ponto de vista da arrecadação, conforme já havia relato Dr. Aluizio, em entrevista coletiva na semana passada.
Ainda de acordo com a ANP, a estimativa é que estes investimentos gerem 16 bilhões de dólares em royalties ao longo dos anos em produção. Atualmente, o fator de recuperação na Bacia de Campos é de 24%, levemente acima da média do país, de 21%.
Segundo matéria do jornal O Globo, a comparação internacional indica que há espaço para aumentar esse percentual, já que, em outros países, que adotam tecnologias mais avançadas, o índice chega a 50% recuperação.
Nos campos de petróleo localizados em terra, cada 1% a mais de recuperação permitiria aumento de 200 milhões de barris de reservas de petróleo, gerando investimentos de 5 bilhões de reais e uma receita futura de royalties de 3,3 bilhões de reais.
Ainda conforme a reportagem, a Petrobras já teria colocado à venda vários campos maduros no pós-sal, incluindo alguns históricos, como o de Guaricema, no litoral de Sergipe, a primeira descoberta de petróleo no mar feita pela companhia em 1968. A expectativa da Prefeitura de Macaé e até mesmo da Petrobras é de que os campos maduros da Bacia de Campos também recebam esses investimentos em breve.
A estatal tem concentrado investimentos no desenvolvimento de campos do pré-sal, que devem ser negociados na 14ª Rodada de Licitações, que será realizada no próximo dia 27 de setembro, no Rio de Janeiro.
Em Macaé, cidade que já foi a maior produtora de petróleo do país e ostentava o título de Capital Nacional do Petróleo, a prefeitura, a população e o mercado, sentiram fortemente a retração das atividades petrolíferas na Bacia de Campos, que acompanham a crise internacional do setor, desde 2014.
A cidade sofreu mais em razão da redução dos investimentos da Petrobras, que enfrentou dificuldades financeiras após a queda no preço do petróleo e a revelação dos escândalos de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato. Nos cálculos da Prefeitura de Macaé, a revitalização dos campos pode gerar 20 mil empregos na região. São as expectativas não só do governo municipal, mas também de toda população da cidade, e da região.
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